A intranet não pode se resumir a um depósito de comunicados
A intranet, presente em um número significativo de empresas e organizações, tem se consolidado, efetivamente, como um importante canal de comunicação com os públicos internos, ainda que, em muitos casos, seja concebida de forma inadequada.
Na verdade, equívocos observados em seu planejamento e elaboração a reduzem a um mero depósito de comunicados, normas, atos legais e administrativos, negando a sua essência como canal de comunicação.
A intranet precisa ser assumida como uma instância de comunicação que estimula e favorece a interação com os públicos internos e dos públicos internos entre si, e não, como um mural eletrônico carregado de informações destinadas apenas a atender o fluxo comunicacional descendente.
É possível admitir que esses desvios, em termos de proposta e produção deste canal, que, a priori, deveria ser interativo, ocorrem, quase sempre, pela não participação da estrutura profissionalizada de comunicação em sua concepção, que permanece, por isso, refém de uma visão ultrapassada e estática do processo de gestão de pessoas.
A intranet, quando bem planejada, incorpora mecanismos de participação e de feedback, além de conteúdos atuais e relevantes que atendem às demandas e expectativas dos públicos internos, que, em contrapartida, as acessam regularmente.
Quando, pelo contrário, a intranet apenas veicula informações de caráter administrativo (o que não significa que elas não sejam importantes) ela é consultada, esporadicamente, e deixa de cumprir sua função como veículo fundamental do processo de comunicação interna, ao lado dos house-organs e mesmo de grupos constituídos nas mídias sociais para dar conta do processo de interação entre os públicos internos.
A intranet contribui para desafogar o portal das organizações, impedindo que ele se transforme, como acontece em um número elevado de casos, em um mosaico informativo caótico destinado a atender as demandas por informações de todos os públicos estratégicos.
Os públicos internos requerem canais exclusivos e a intranet preenche esta condição, mas, para isso, precisa ser planejada a partir de uma proposta moderna, capaz de sensibilizar os funcionários ou empregados (servidores, no caso da administração pública) e de estimular o seu acesso permanente.
É possível reconhecer que há um preconceito em relação à intranet exatamente porque ela não se constitui, na realidade, em um autêntico canal de comunicação, mas não se pode culpá-la pela visão equivocada daqueles que a planejam e a gerenciam. Seria o mesmo que culpar as mídias sociais de determinadas organizações porque apenas veiculam informações e não estão abertas à interação com os usuários ou a televisão pela programação de nível discutível de determinadas emissoras.
A intranet precisa ser valorizada, rediscutida e assumir de vez a sua função estratégica nas organizações modernas, integrando, com destaque, o mix da comunicação interna. Relegá-la a um segundo plano, transformando-a em um mural digital estático, sem interesse, representa equívoco formidável.
A comunicação organizacional do século XXI exige planejamento e gestão competentes, em sintonia com as demandas de uma sociedade conectada e ávida por informações atuais e relevantes.
Wilson da Costa Bueno, Diretor da Comtexto Comunicação e Pesquisa, consultoria na área de Comunicação Corporativa/ Jornalismo Especializado.