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Mandar WhatsApp fora do horário do expediente não pode. Mas implantar semana de 4 dias seria bom demais!

O mundo corporativo gosta de inovar e algumas vezes as organizações extrapolam os limites, o que pode gerar para elas problemas de toda a ordem.

Uma das mudanças associadas ao uso das novas tecnologias, em particular as mídias sociais, adotas pelas empresas consiste em acessar os funcionários fora do horário normal de trabalho, o que, na prática, implica em estender a sua jornada de trabalho.

Reportagem recente publicada pela Folha de S. Paulo, que ouviu especialistas, garante que, se uma empresa encaminhar mensagens para seus trabalhadores fora do expediente, nos finais de semana e feriados, estará sujeita a penalidades, como, por exemplo, pagar horas extras. Mas isso vale também para chamados pelo celular, e-mails e qualquer outro tipo de contato que signifique “incomodar” o funcionário indevidamente.

Tudo bem, a empresa pode negociar isso no momento da contratação e até discutir estas questões com o sindicato da categoria, mas é sempre melhor ir com calma antes de pressionar os seus “colaboradores” com solicitações que exijam deles a dedicação de parte de seu tempo de descanso para trabalhos adicionais.

A Justiça tem acatado reclamação de funcionários que se sentiram lesados com esta postura, entendendo que mensagens de WhatsApp nestes casos representam prova de burla à legislação trabalhista.

Outra postura, ainda em teste, mas que já tem gerado torcida enorme para sua implementação (por parte dos funcionários, é claro!), é a semana de 4 dias, com folgas às sextas-feiras. Isso foi colocado em prática pela Microsoft no Japão,  e assumida como “opção de vida profissional”. Os resultados, nesse caso, foram auspiciosos: a produtividade cresceu 40% no período (agosto de 2019) em que a experiência foi realizada. A novidade foi notícia em vários jornais brasileiros.

Legal, hein? Mas é bom ter calma nessa hora porque se trata de uma experiência que pode ou não ser seguida e, se isso acontecer, certamente não abrangerá a maior parte das empresas.

Para nós, brasileiros, as chances são ainda menores: com esta crise, demissões em massa nos últimos anos, e uma cultura conservadora como a caracteriza o nosso mundo corporativo, será difícil imaginar que isso vai vingar (pelo menos por um bom tempo).

Mas, quem sabe, se os resultados forem convincentes e empresas líderes derem o exemplo, muitas outras não tentarão seguir este caminho, pelo menos para ver como funciona?

WhatsApp fora do horário do expediente não pode. 4 dias de trabalho por semana pode sim. E por que não começar logo com isso? O verão vem aí e a praia e a piscina nos esperam!

Wilson da Costa Bueno, Diretor da Comtexto Comunicação e Pesquisa, consultoria na área de Comunicação Corporativa/ Jornalismo Especializado.