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A comunicação pública constrói pontes e desafia rupturas institucionais

A pandemia tem provocado mudanças significativas nas práticas que tradicionalmente caracterizam a comunicação organizacional, tornando intensivo o uso de plataformas digitais, legitimando a ampliação do home office, de que decorre o prejuízo inevitável ao processo de comunicação face-a-face, em função do distanciamento social ainda necessário.

As novas formas de gestão têm, neste momento, contribuído, em muitos casos, para o estresse no clima organizacional, motivado pelo receio de contaminação pelo vírus e a desestruturação do mercado, com a consequente derrocada de empresas e a redução de postos de trabalho.

A comunicação pública em particular, em tempos de negacionismo e mesmo de restrições à atividade de comunicação em nosso país, enfrenta inúmeros desafios, mas tem conseguido resistir bravamente e desenvolver iniciativas recompensadoras.

Podemos destacar, por exemplo, a elaboração, mesmo durante a pandemia, de Políticas de Comunicação por parte de um número expressivo de instituições públicas, em especial institutos e universidades federais, bem como o protagonismo de institutos de pesquisa no relacionamento com a sociedade, como a Fiocruz, o Butantan, o IPEA, o INPE, para só citar alguns casos.

A comunicação pública tem experimentado extraordinária qualificação sobretudo neste século, com a profissionalização de sua estrutura, a consolidação de uma perspectiva identificada com a integração e a visão estratégica, e a incorporação de sistemas de avaliação de ações e práticas de comunicação.

Como resultado deste esforço, as instituições públicas têm promovido maior interação com os públicos estratégicos e com a sociedade de maneira geral, respaldada em atributos como a ética, a transparência e o compromisso com o interesse público.

Não é possível ignorar, no entanto, que governantes e gestores, que adotam uma postura não democrática, têm criado obstáculos à comunicação pública, tentando torná-la refém de suas ambições pessoais e políticas. De maneira equivocada, eles a continuam contemplando como mero instrumento e não, como processo estratégico das organizações. Frequentemente, tomam medidas no sentido de implantar a censura e a autocensura que penalizam dramaticamente a circulação de informações.

É imperioso reconhecer que a comunicação pública tem sido privilegiada nos estudos e pesquisas acadêmicas, que propagam as boas práticas, revisam os seus principais conceitos, e evidenciam a sua excelência. Papel importante tem sido desempenhado particularmente pelos comunicadores públicos, reunidos na Associação Brasileira de Comunicação Pública (ABCPública), que potencializam iniciativas relevantes para o fortalecimento desta área.

A comunicação pública merece o nosso reconhecimento e todo empenho deve ser feito para que ela seja fortalecida porque, na prática, ela constitui processo fundamental para a consolidação da democracia.

A comunicação pública constrói pontes e dialoga com a sociedade, mas, infelizmente, seus adversários (que também são inimigos da democracia) insistem em levantar muros. A defesa da comunicação pública deve mobilizar todos nós.

Wilson da Costa Bueno, Diretor da Comtexto Comunicação e Pesquisa, consultoria na área de Comunicação Corporativa/ Jornalismo Especializado.