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A febre dos webinars domina a rede. O que a gente ganha e perde com isso?

Basta dar uma rápida olhadinha nas mídias sociais (Facebook, Twitter, Instagram, canais de vídeo do YouTube, Linkedin) ou mesmo circular pelos portais de universidades e institutos de pesquisa para descobrir que os eventos virtuais, sobre os mais variados temas, acontecem a todo momento.

Na verdade, eles têm sido programados já há algum tempo, mas, com a pandemia, ganharam corpo e se difundiram vertiginosamente pela web, com o envolvimento de profissionais, professores e pesquisadores e um número significativo (bota significativo nisso!) de participantes.

As perguntas básicas são: esses webinars funcionam? Eles favorecem a participação e a interação dos interessados? Eles são fáceis de organizar?

Vamos por partes para não perdermos o foco.

A resposta à primeira pergunta é imediata e positiva: sim, boa parte deles traz contribuição importante para o debate de temas atuais e a sua virtualidade favorece o acesso  e a participação de pessoas que, dificilmente, mesmo em situações anteriores à pandemia, poderiam tomar contato com palestrantes de prestígio.

Por mais surpreendente que possa parecer, tais eventos virtuais permitem a participação e a interação da audiência (que chega a ser muito expressiva em determinados casos), com os palestrantes ou conferencistas. Muitos eventos, que já atraiam uma plateia significativa nas suas edições habituais, de forma presencial, assumiram esta condição virtual e têm sido realizados com sucesso. Inúmeras plataformas foram criadas ou mereceram atualização para abrigar estes eventos, com recursos importantes para transmissão, gravação e participação, como o Google Meet, o Zoom, o Webex e assim por diante. Logo, a resposta à segunda pergunta também é positiva.

Mas, como diz o ditado, o diabo mora nos detalhes e, por isso, a organização de um evento competente não é tão fácil, como se poderia imaginar, a não ser que se assuma esta atividade com amadorismo.

O problema não está apenas no uso das plataformas de transmissão, porque elas efetivamente facilitam o trabalho dos promotores, mas há uma série de aspectos que precisam ser considerados por aqueles que pretendem organizar estes eventos.

É fundamental definir temas relevantes, abordados por palestrantes que conciliem experiência e conhecimento dos assuntos, e é imprescindível realizar um trabalho competente de divulgação (como as pessoas saberão dos eventos?) e inclusive pensar bem nos horários em que serão realizados. Como sabemos, as pessoas, potencialmente interessadas em um evento, não estão disponíveis o tempo todo e há horários melhores do que outros. Realizar eventos, portanto, muito cedo (às 8 da manhã) ou muito tarde (depois das 21 horas), ou em períodos tradicionalmente dedicados à família ( horas das refeições, por exemplo) pode não ser a melhor alternativa.

É preciso ainda cuidar da infraestrutura tecnológica (conexões, câmeras e microfones), contar com pessoas  que gerenciem o processo de interação,  que administrem o processo relevante das perguntas ao final e que até controlem o tempo das falas dos palestrantes (brasileiro fala demais, não é mesmo?).

Deixar o evento correr solto pode trazer riscos à organização e comprometer a realização de edições posteriores. Todos nós já passamos por esta experiência e sabemos que existem eventos de que vale a pena participar e eventos que não merecem a nossa presença mais de uma vez.

Logo, a resposta à terceira pergunta é negativa. Se as empresas ou instituições de maneira geral  efetivamente assumem os eventos como momentos de relacionamento com os públicos estratégicos, capazes de aumentar a sua credibilidade, imagem e reputação, devem cuidar da sua organização com muito carinho.

Se é verdade que os eventos virtuais permitem atrair muita gente, pela facilidade de acesso e a não exigência de deslocamento físico dos participantes, não é menos verdade que, em contrapartida, quando mal organizados, “queimam o filme” dos seus promotores.

Os eventos virtuais vieram para ficar, mas nem todos. Muitos não passarão da sua primeira edição, se empresas e gestores não os encararem da forma adequada. O mundo da comunicação nunca esteve tão perigoso para os amadores de plantão. “Webinemos” todos.

Wilson da Costa Bueno, Diretor da Comtexto Comunicação e Pesquisa, consultoria na área de Comunicação Corporativa/ Jornalismo Especializado.