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A importância do diálogo entre as múltiplas competências em Comunicação Organizacional

Houve um tempo em que as tensões entre algumas competências que caracterizam a Comunicação Organizacional eram frequentes, derivadas sobretudo do corporativismo que vigorava (e ainda se mantém), por exemplo, nas áreas de Jornalismo e de Relações Públicas.

Apoiados nos textos da regulamentação profissional destas áreas (elaborados nos tempos obscuros da ditadura), Conselhos Regionais de Relações Públicas e Sindicatos dos Jornalistas buscavam, a todo custo, garantir espaços de atuação exclusiva para os seus associados, o que, invariavelmente, gerava embates acalorados.

Pouco a pouco, com a profissionalização das estruturas de comunicação nas empresas e organizações em geral, notadamente nos grandes centros, esta tensão se reduziu, embora, aqui e acolá, ela continue a se manifestar.

O número crescente de profissionais formados em comunicação e o enxugamento das estruturas, especialmente em momentos de crise, como o que atravessamos agora, tornaram a concorrência mais acirrada e, volta e meia, observamos o processo conhecido como “fogo amigo” provocando tensões no mercado.

É preciso admitir que a Comunicação Organizacional não se limita a estas duas competências e incorpora muitas outras, como a que elabora projetos de identidade visual e de gestão da marca, as campanhas de propaganda/publicidade e marketing e, mais recentemente, as estratégias que respondem pela frenética atuação nas mídias sociais ou associadas às novas tecnologias de informação e comunicação.

O reconhecimento da complexidade na Comunicação Organizacional e o fato de a área ter sido elevada à condição de processo estratégico tornaram urgente a necessidade de diálogo entre os profissionais que respondem pelas diversas competências comunicacionais.

Em muitos casos, profissionais de outras áreas também se aproximaram da Comunicação Organizacional, como administradores, psicólogos sociais, antropólogos, e mesmo profissionais que não se situam na área de Ciências Sociais Aplicadas.

O trabalho a ser desenvolvido passa agora, então, a exigir um diálogo entre as várias competências e é recomendável que as empresas, particularmente as de médio e grande portes, mobilizem profissionais formados nas diversas áreas, de modo a cumprir, de forma competente, as ações cada vez mais intensas, de relacionamento das organizações com os seus públicos estratégicos.

Estamos hoje diante desta realidade e profissionais e empresas terão, obrigatoriamente, que se adaptar a ela, porque há demandas que requerem esta perspectiva multi e interdisciplinar na Comunicação Organizacional.

O negócio é deixar de lado os embates, o corporativismo que nada constrói, para que o trabalho em equipe se realize, de forma efetiva, com a convergência das competências múltiplas que dão conta do processo abrangente de Comunicação.

É evidente que, em organizações de pequeno porte, microempresas por exemplo, não há condições de se manter uma equipe mais numerosa que possa contemplar todas estas competências, mas é indispensável que aqueles que respondem pela área tenham conhecimento deste fato. Mais ainda:  que, quando possível, que eles saibam recorrer a agências especializadas (em mídias sociais, em organização de eventos, em programação visual, em relacionamento com a mídia) para atender às demandas de seus clientes.

A comunicação moderna exige diálogo, parceria, respeito às competências profissionais e um trabalho competente e produtivo, resultado do esforço de todos os comunicadores. Sem tensões, embates e preconceitos, a Comunicação Organizacional será cada vez mais integrada e estratégica e é isso que todos nós desejamos.

Wilson da Costa Bueno, Diretor da Comtexto Comunicação e Pesquisa, consultoria na área de Comunicação Corporativa/ Jornalismo Especializado.