Aprenda a morder, se quiser enfrentar os pitbulls digitais

Numa sociedade conectada como a que vivemos, acreditar que os nossos dados e informações possam ser (pelo menos com facilidade) mantidos sob sigilo, representa uma “santa” ingenuidade, visto que eles basicamente são rastreados, em todo o seu caminhar pelas trilhas digitais (sites, mídias sociais, aplicativos em geral).
Houve um tempo em que se acreditava que as informações compartilhadas nos canais de comunicação internos só estariam disponíveis para os colaboradores, funcionários ou servidores e que os públicos externos não tinham acesso a eles. Ledo engano. Não há segredos a se preservar porque as paredes digitais têm ouvidos muito sensíveis, bocas enormes e ruidosas, que espalham o que podem captar sem qualquer parcimônia.
Dados e informações vazam permanentemente e é comum nos depararmos com notícias de que os bancos, os órgãos de segurança, as instituições públicas e mesmo as gigantes da tecnologia (Google, Facebook Instagram sofreram invasões (haja hackers no mundo moderno!) que afrontaram a privacidade dos seus clientes ou usuários.
As mídias sociais, particularmente, entregam as nossas informações “privativas” para muita gente (anunciantes, pessoas de má fé) sem qualquer escrúpulo e, quase sempre, nos penalizam, muitas vezes nos impondo prejuízos financeiros e morais.
Os sistemas de segurança mostram-se, invariavelmente, vulneráveis porque, assim como há pessoas competentes que criam barreiras ao acesso de informações privadas, há outras com má intenção, tão ou mais competentes, que conseguem invadir sistemas sofisticados com objetivos espúrios.
O ideal, portanto, é manter-se vigilante, trocar as senhas com alguma regularidade, não clicar em aplicativos ou links, por mais atraentes que sejam, porque nem sempre eles nos conduzem aos destinos que prometem, muito pelo contrário.
Além disso, é fundamental tomar um cuidado enorme com as informações (dados, fotos, vídeos) que guardamos nos dispositivos de comunicação móvel (celulares, por exemplo) porque elas podem cair em mãos de terceiros que promovem estragos inimagináveis nas nossas contas bancárias e na nossa reputação. O número de roubos e assaltos que têm os nossos celulares como alvo é assustador e até mesmo os que cuidam da segurança digital e pessoal se surpreendem com a astúcia e ousadia dos que praticam esses crimes. Assim como os sistemas desenvolvidos para evitar o tráfico internacional de drogas, os que buscam proteger as informações pessoais e corporativas não são perfeitos e exibem brechas a todo o momento.
A saída é não contar segredos ou veicular informações que não desejamos que sejam tornados públicos por qualquer ou plataforma digital porque eles serão revelados um dia e os seus autores/produtores (nós, portanto) se encontrarão em maus lençóis.
Aquela brincadeira (piadas, ironias, denúncias) que ousamos fazer em um grupo privado do WhatsApp poderá estar circulando freneticamente no universo digital (portais, mídias sociais em geral) no minuto seguinte. Precisamos estar preparados para as consequências deste vazamento que, na maioria dos casos, não são fáceis de gerenciar.
Com certeza, o que estamos aqui relatando não é novidade para ninguém (pelo menos para as pessoas minimamente informadas sobre as ameaças à segurança da informação), mas, mesmo assim, todos os dias, todos os minutos, todos os segundos, alguma pessoa, alguma empresa, alguma instituição se queixa (e chora doído) por ver suas informações “sigilosas” caírem em domínio público.
Vigilância redobrada pode até ser pouco, é preciso atenção permanente porque os ouvidos das paredes digitais estão antenados para captar tudo que escrevemos ou falamos e são capazes até de interpretar as nossas intenções.
Se pudéssemos, retornaríamos aos sistemas tradicionais de produção e compartilhamento de informações porque eles eram mais seguros, mas ninguém, falando sério, está interessado em dar esse passo para trás. O mundo digital é fascinante e incorporou novas dimensões à nossa comunicação, à nossa forma de guardar dados e informações.
Retroceder é para os fracos, mas apenas os mais astutos e cuidadosos viverão sem sofrer grandes sustos ou abalos. Desconfiemos sempre. Há pessoas aos montes querendo se apropriar e fazer uso não adequado (criminoso) de nossos dados. Se a briga é de “cachorro grande”, é hora de aprendermos a rugir e a morder. Devemos guardar muito bem guardado os nossos “ossos” valiosos (informações pessoais e empresariais) porque os pitbulls digitais estão soltos por aí.
Wilson da Costa Bueno, Diretor da Comtexto Comunicação e Pesquisa, consultoria na área de Comunicação Corporativa/ Jornalismo Especializado.