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As mídias sociais impactam a produtividade das organizações. Calma aí: isso é mesmo verdade?

O uso das mídias sociais no ambiente de trabalho pelos funcionários ou servidores compromete a produtividade e, portanto, impor restrições à sua utilização representa uma boa medida. Com certeza, você já tomou contato com esse argumento, explicitado por gestores e chefias, ou conhece empresas que adotam regras rígidas, nem sempre razoáveis, para o uso das mídias sociais no ambiente interno. Mas será mesmo verdade? As mídias sociais devem se demonizadas porque, com elas, a produtividade vai por água abaixo?

Como diz o ditado, muita calma nessa hora, porque há tendência (é típico da cultura de gestão em nosso país) de se promover generalizações abusivas, sem a análise crítica, das razões que estão pró ou contra determinados hábitos e posturas.

Na verdade, há uma preocupação atual, que é relevante e deve ser considerada, no que diz respeito à redução da produtividade, tendo em vista não apenas o uso das mídias sociais, mas das novas tecnologias de maneira geral.

Há sempre muitas tarefas a executar no dia-a-dia das organizações (as crises tornam as equipes mais enxutas e sobrecarregam os que permanecem empregados) e, por isso, a questão da produtividade acaba ficando na berlinda.

Não é verdade que liberar o uso das mídias sociais no ambiente interno gera, de imediato, problemas de produtividade, mesmo porque isso depende, necessariamente, do tempo e das formas de utilização. Pode-se concordar com o fato de que, se o (a) funcionário (a) passa o tempo todo postando, curtindo, compartilhando, confundindo as instâncias definidas pelo interesse pessoal e profissional, a produtividade pode ir mesmo para o fundo do poço. Mas não são todos os empregados que agem desta forma e proibir todo mundo pelos abusos de alguns poucos não é uma boa alternativa. É injusto e não funciona, até porque não é fácil impedir o acesso às mídias sociais e sempre existirão maneiras de burlar esta proibição.

Disciplinar o uso é melhor e costuma dar resultado quando sobretudo o debate sobre esta questão tem caráter coletivo e as decisões não são tomadas unilateralmente pelas chefias. A democracia exige diálogo.

Há, também, outras providências que podem contribuir para o aumento da produtividade no trabalho. Organizar e planejar as tarefas a serem executadas, tornar as reuniões mais objetivas, sistematizar o uso do e-mail (perdemos muito tempo lendo mensagens que não nos interessam, mas os gestores insistem em mandar qualquer coisa para todo mundo!) e mesmo incluir, entre os períodos de trabalho, momentos para troca de ideias, relaxamento e descanso merecido dos neurônios (o estresse por trabalho intenso é a ameaça maior à produtividade).

Logo, não se pode jogar toda a culpa pela redução da produtividade no uso das mídias sociais e é preciso, ao se considerar esta questão (sem dúvida, importantíssima), levar em conta um número ampliado de fatores que estão associados ao aumento ou à perda de produtividade.

Planejamento, disciplina e decisões coletivas são atributos fundamentais e uma gestão moderna não pode ignorá-los.

Wilson da Costa Bueno, Diretor da Comtexto Comunicação e Pesquisa, consultoria na área de Comunicação Corporativa/ Jornalismo Especializado.