As organizações têm que administrar o “quiet quitting”. A saúde mental dos trabalhadores está por um fio!
O mercado de trabalho cria, regularmente, novas expressões para designar posturas implementadas pelas organizações ou mesmo para definir ações desenvolvidas pelos seus “colaboradores”. Uma delas, bastante em voga neste momento, é o “quiet quitting” que, embora signifique literalmente “demissão silenciosa” não tem a ver, na prática, com isso, porque os funcionários não desejam (sobretudo nestes tempos bicudos) abandonar o emprego e ficar de mãos vazias. No fundo, o que os trabalhadores anseiam é equilibrar a sua vida pessoal e profissional, partindo do pressuposto de que “não vivem efetivamente apenas para o trabalho”. Trabalhar para viver e não viver para trabalhar, eis o lema do século XXI.
Neste sentido, mais conscientes de seus direitos, e comprometidos com uma melhor qualidade de vida, querem arrumar um tempo para curtir a família (não é a coisa mais importante para todos nós?) e, ao mesmo tempo, não abrem mão de um clima saudável no trabalho. Há uma reação importante e valiosa contra todo tipo de assédio (moral ou sexual, por exemplo) e decisões neste sentido têm merecido o apoio de sindicatos, dos colegas e amigos, e mesmo da opinião pública. A mídia está repleta de exemplos de afronta à ética por parte de empresas e organizações dinossáuricas.
A saúde mental passou a ser valorizada durante o momento mais dramático da pandemia do Covid-19, quando as pessoas se convenceram de que cuidar da sua vida e a da dos familiares é essencial e que as organizações não têm o direito de ameaçá-las.
A adesão ao “quiet quittting, cada vez mais frequente, pelos trabalhadores exige das empresas uma mudança fundamental, em particular dos seus líderes: empenhar-se para favorecer a consolidação de climas organizacionais mais saudáveis e produtivos, o que impede a perda de talentos para a concorrência.
A saúde mental, abalada nestes últimos tempos, precisa ser considerada e as empresas que não se comprometerem com ela estarão, como diz o ditado, “no bico do corvo” no futuro.
Estabelecer limites para a relação entre o trabalho profissional e a qualidade de vida é condição indispensável para se garantir o engajamento dos trabalhadores e para um trabalho em equipe, em sintonia com os novos tempos.
Os chefes autoritários que vivem proclamando por aí que os “funcionários querem moleza e que é preciso dar o duro na vida” terão que rever o seu conceito porque, caso contrário, serão eles que estarão no olho da rua no futuro. E, certamente, a sua demissão não será nada silenciosa.
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Wilson da Costa Bueno, Diretor da Comtexto Comunicação e Pesquisa, consultoria na área de Comunicação Corporativa/ Jornalismo Especializado.