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Assédio eleitoral: a ética viesada das empresas

As eleições presidenciais de 2022 têm acarretado um saldo bastante negativo para a consolidação da democracia e para a qualidade da comunicação brasileira, caracterizando-se pelo desrespeito à ética e pela circulação absurda de informações mentirosas, com o objetivo de influenciar a opinião pública.

Neste contexto, destaca-se, particularmente, a postura de centenas de empresas brasileiras que decidiram, de forma não republicana, interferir nos resultados das eleições, assediando os seus funcionários com ameaças de demissão e outras penalidades, caso não se mostrem alinhados com os candidatos de preferência dos patrões.

O TSE e o Ministério Público do Trabalho têm se empenhado no sentido de coibir estes abusos, mas, ao que parece, as providências se mostram tímidas e de aplicação lenta, e não conseguirão, na prática, impedir que os prejuízos se concretizem. Os responsáveis por esta postura criminosa receberão certamente penas leves, o que, segundo os especialistas em justiça eleitoral, apenas reforçará a tese de que o crime compensa.

Provavelmente, a maior punição às empresas e empresários envolvidos neste crime eleitoral, será a denúncia, com provas concretas, realizadas pelos funcionários submetidos a esta pressão, e a ampla divulgação das infrações cometidas pela mídia e por todos aqueles que frequentam o universo das redes sociais.

A democracia brasileira não pode compactuar com o abuso do poder econômico e com o autoritarismo de dirigentes que se sentem no direito de obrigar os seus funcionários a concordarem com suas convicções políticas e ideológicas.

O direito e o sigilo do voto representam pressupostos básicos da constituição brasileira e não devem ser contrariados em hipótese alguma.

Os comunicadores e os cidadãos em geral, comprometidos com a prática democrática, têm a obrigação de denunciar estas situações e esperamos, todos nós, que a Justiça puna exemplarmente as empresas e os dirigentes que, abusivamente, têm submetido os seus funcionários a tal constrangimento.

Empresas e dirigentes não éticos merecem cadeia.

Wilson da Costa Bueno, Diretor da Comtexto Comunicação e Pesquisa, consultoria na área de Comunicação Corporativa/ Jornalismo Especializado.