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Microplásticos no sangue humano: ciência alerta para os riscos

Você certamente já leu e ouviu alguma coisa (ou muita coisa) sobre o efeito devastador do plástico no meio ambiente, mesmo porque, sobretudo nos últimos anos, notícias a este respeito têm circulado cada vez com maior frequência.

O lobby das empresas que produzem ou utilizam este material impediu, durante muito tempo, que governos, organizações de defesa do meio ambiente e da saúde, e mesmo os cidadãos pudessem estar adequadamente informados sobre a capacidade de contaminação pelo plástico.

Na verdade, as pautas de natureza ambiental, quase sempre, apenas se referiam ao fato de que os produtos (garrafas, embalagens em geral) produzidos com este material demoram a se decompor e que, portanto, se acumulam no solo e na água (rios e oceanos), causando prejuízos ao meio ambiente e à vida animal.

Recentemente, no entanto, a cobertura jornalística e, em particular a pesquisa científica, deram um passo importante no sentido de ampliar o conhecimento sobre os riscos decorrentes da utilização abusiva do plástico.

Estudos têm demonstrado que este componente tem estado presente, cada vez mais, de forma perigosa, no organismo humano a partir do consumo de alimentos embalados e de animais e mesmo pela inalação do ar e a ingestão de água contaminada por microplásticos.

Reportagem publicada pelo Jornal da USP cita estudo internacional (holandês, mais precisamente) que traz dados impressionantes sobre a presença de microplástico no sangue humano. A coleta de 22 amostras de sangue de adultos saudáveis revelou a presença de microplástico em 17 amostras, ou seja, cerca de 80% dos participantes do estudo estavam contaminados, fato que se repetiu, com igual intensidade, em outro estudo realizado no Brasil por pesquisadores da USP.

Como acentua esta reportagem, “os tipos de plásticos encontrados foram os mais consumidos mundialmente, como o polipropileno, polietileno e o PET, usados na fabricação de embalagens plásticas, sacolas de mercado e garrafas plásticas.”, ou seja, os produtos contaminantes frequentam as nossas casas diariamente.

Embora não existam ainda conclusões definitivas sobre os malefícios do microplásticos à saúde humana, o alerta já foi dado, porque, como informa Luís Fernando Amato, pesquisador do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP, não se pode afastar a hipótese de que a presença destes componentes no tecido pulmonar prejudique o desenvolvimento de células tronco pulmonares, afetando o funcionamento adequado dos pulmões.

Estudo realizado nos EUA mostrou também “o impacto do microplástico em fetos e bebês porque essas partículas podem se prender às membranas externas dos glóbulos vermelhos e, com isso, limitar sua capacidade de transportar oxigênio. Os cientistas também admitem o risco de câncer para pessoas com níveis elevados de microplásticos no sangue”, como menciona reportagem publicada pelo UOL.

Como sabemos, todo cuidado é pouco, quando se trata da saúde humana, e, portanto, é fundamental aprofundar os estudos que permitam avaliar, criteriosamente, o risco que corremos pela gestão involuntária destes componentes.

É melhor prevenir do que remediar, como diz o ditado. Fiquemos alertas. Já estamos avisados: com plástico, não se brinca.

Wilson da Costa Bueno, Diretor da Comtexto Comunicação e Pesquisa, consultoria na área de Comunicação Corporativa/ Jornalismo Especializado.