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Vamos praticar a comunicação acessível e inclusiva?

A agenda atual das empresas e organizações públicas e privadas, bem como dos profissionais de comunicação, deve, obrigatoriamente, estar comprometida com a consolidação de políticas afirmativas, voltadas para o respeito à diversidade (gênero, raça, credo) e à inclusão de pessoas com deficiência.

Embora existam dispositivos legais que definem a necessidade de obedecer a princípios e práticas para promover a inclusão e a diversidade, um número significativo de empresas e instituições não os cumpre e, muitas vezes, eles frequentam apenas o discurso, como resultado de uma hipócrita estratégia de marketing.

A realização de ações e projetos voltados para qualificar a comunicação institucional e mercadológica é indispensável, especialmente para reduzir as desigualdades e favorecer o acesso das populações vulneráveis a notícias, reportagens, recursos audiovisuais (vídeos, podcasts) que trazem informações importantes para incrementar a qualidade de vida e a inclusão social.

É fácil constatar que as mulheres, os indígenas, os quilombolas, os membros da comunicação LGTBQIA+, os adeptos das religiões africanas, os portadores de deficiências, os mais pobres, os pretos, são alvo de preconceito em nosso país e, quase sempre, objeto de agressões inomináveis.

As mulheres, apesar de movimentos importantes para torná-las efetivamente protagonistas em nossa sociedade, recebem remuneração menor do que os homens para o exercício das mesmas atividades e estão em situação de absoluta desvantagem em termos de presença nas chefias das empresas e no Parlamento brasileiro.

Temos convicção de que o quadro atual, flagrantemente avesso à afirmação da diversidade e da inclusão, só será revertido com um trabalho competente de comunicação a ser desenvolvido não apenas pelos representantes destes segmentos, mas por toda a sociedade.

As organizações, públicas e privadas, devem elaborar campanhas internas de esclarecimento e de conscientização sobre a importância da diversidade e inclusão, bem como alinhar, definitivamente, o seu discurso a uma prática efetiva, permanente, para a redução das desigualdades.

A comunicação acessível e inclusiva deve estar respaldada na criação de uma cultura que possa legitimar esta nova postura e que promova o engajamento, nas organizações, de todos os públicos internos e externos. A realização de campanhas, o debate amplo sobre políticas afirmativas, o aperfeiçoamento da legislação que trata destes temas são iniciativas indispensáveis para que a diversidade e a inclusão efetivamente se concretizem.

As organizações precisam constituir grupos e núcleos dedicados à apresentação, ao debate e à aplicação dos princípios básicos de acessibilidade e inclusão e definir um plano de comunicação que os promova de forma permanente.

Há inúmeros documentos, guias, manuais que contemplam as questões da diversidade e da inclusão, já disponíveis para acesso e consulta, e para conhecê-los basta uma consulta aos mecanismos de busca, como o Google.

Os profissionais de comunicação devem engajar-se neste movimento e, para isso, precisam estar informados sobre os desafios a serem vencidos e tomar contato com as iniciativas já desenvolvidas para a implementação de uma comunicação acessível e inclusiva.

A construção da democracia passa, obrigatoriamente, por este esforço e este compromisso. Os comunicadores têm um papel fundamental a desempenhar para que a diversidade e a inclusão deixem de ser apenas figuras de discursos e estejam incluídas, umbilicalmente, na agenda de empresas, instituições e governos. Que tal agitar o corpo e a alma para que possamos sair da zona de conforto que penaliza os mais desfavorecidos? Há muito trabalho pela frente e é preciso começar agora. Vamos lá.

Wilson da Costa Bueno, Diretor da Comtexto Comunicação e Pesquisa, consultoria na área de Comunicação Corporativa/ Jornalismo Especializado.