Ano 2 – No 28 – Setembro 2020
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Fala, professor! |
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Calma lá: notícias e anúncios não são membros da mesma família! |
O jornalismo brasileiro tem passado por profundas modificações e desafios nos últimos anos, como o embate acirrado contra as fake news, a acelerada inserção no universo digital e o enxugamento dramático das redações. Mas há um aspecto, também relevante neste cenário, que não tem merecido a mesma atenção dos estudiosos, dos pesquisadores e dos profissionais de imprensa: a aproximação perigosa entre a áreas comercial e editorial dos veículos jornalísticos.
Esta situação preocupante tem se agravado nos últimos anos, com o surgimento de projetos e propostas que se inserem no chamado “jornalismo patrocinado”, um eufemismo utilizado para mascarar a interferência de interesses extra jornalísticos (empresariais e políticos) no processo de produção de notícias e reportagens. |
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Você Sabia? |
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O lobby da indústria para emplacar os alimentos ultra processados |
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) resolveu sair do armário, certamente inspirado pela indústria alimentícia, que pratica um lobby agressivo para fazer valer os seus interesses e lucros exorbitantes em detrimento da saúde da população brasileira. Passou a criticar o Guia Alimentar feito pelo Ministério da Saúde, com o objetivo de “limpar a imagem” dos alimentos ultra processados, reconhecidamente considerados pelos especialistas como nocivos à saúde, sobretudo se consumidos em excesso como tem acontecido em nosso país, em virtude de campanhas milionárias de propaganda.
O Ministério quer proibir a edição do Guia de Alimentos, resultado de anos de trabalho e estudos, com argumentos não justificados e que evidenciam a interferência da indústria, representada pela Abia - Associação Brasileira da Indústria de Alimentos, e a cumplicidade da ministra, que deveria estar preocupada efetivamente com o impacto das queimadas no futuro do agronegócio brasileiro.
Embora ainda não exista (pelo menos até o momento da publicação desta nota) uma decisão oficial, a gente suspeita que o interesse empresarial deverá prevalecer e, com isso, os brasileiros continuarão sendo ludibriados por informações não verdadeiras, consumindo produtos que fazem mal para a saúde. Para os que acreditam mais na ciência do que nas “boas” intenções da indústria, a leitura da reportagem de Victor Matioli é um bom começo. A nossa saúde merece respeito!
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As queimadas e a perda da biodiversidade: uma situação alarmante |
A imprensa tem divulgado amplamente as cenas terríveis das queimadas na Amazônia, no cerrado e no pantanal, que têm destruído, de maneira dramática, alguns de nossos principais biomas, com ameaça real às populações tradicionais que vivem nessas áreas (em especial comunidades indígenas) e à fauna e à flora brasileiras.
Em contrapartida, apesar das críticas das organizações não governamentais, da sociedade civil, de inúmeros países e até mesmo de empresários nacionais e estrangeiros, o Governo continua negando os fatos numa postura já conhecida de não assumir a própria culpa pela destruição criminosa do meio ambiente.
A biodiversidade brasileira está sob ameaça e isso não ocorre apenas agora e nem é fenômeno exclusivamente brasileiro. O relatório Panorama Global da Biodiversidade, recém divulgado, evidencia que apenas um número reduzido de objetivos e metas previstos pela Convenção das Nações Unidas sobre a Diversidade Biológica (CDB) para o período 2011-2020 foi parcialmente atingido e que a situação da biodiversidade, em todo o mundo, é alarmante. Esse relatório traz informações e dados que justificam essa conclusão e eles podem ser acessados a partir da edição no material editado por Herton Escobar, que pode no link abaixo. Os desafios, como podem atestar os que tiverem tempo e interesse para a leitura dos resultados obtidos, são enormes e não será com a postura dos negacionistas de plantão (que são muitos!) que avançaremos nesta questão.
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Infância plastificada: uma pesquisa e um alerta |
Temos tomado conhecimento, ao longo dos últimos anos, do impacto nefasto do consumo e descarte do plástico em todo o mundo, responsável por uma poluição que ameaça a vida de todos nós.
O programa Criança e Consumo, do Instituto Alana, tem desenvolvido esforço enorme no sentido de conscientizar os cidadãos sobre os riscos decorrentes do consumo abusivo de plástico, com atenção especial às nossas crianças, como as inúmeras iniciativas realizadas na Semana sem Plástico, promovida no final de julho deste ano.
A pesquisa Infância plastificada (https://criancaeconsumo.org.br/noticias/o-impacto-da-publicidade-infantil-de-brinquedos-plasticos-na-saude-de-criancas-e-no-meio-ambiente/), que revelou dados dramáticos sobre o impacto da publicidade infantil de brinquedos plásticos na saúde das crianças, e o filme (impecável!) História do Plástico (https://www.youtube.com/watch?v=_xRZA1wo68k&feature=youtu.be), relato contundente sobre os estragos ao meio ambiente e à saúde provocados pelo plástico, merecem ser acessados.
As nossas vidas, em particular das nossas crianças, não devem ser plastificadas em nome da qualidade da vida. É preciso dar um basta neste abuso que é patrocinado por empresas reconhecidamente predadoras.
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