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Ano 6 No 66 – Junho 2024
Pensando a Comunicação fora da Caixa
 
Fala, professor!
  O combate à desinformação exige uma parceria entre a comunidade científica e a sociedade. Vamos nessa?

A desinformação, resultado da má fé de pessoas ou grupos não comprometidos com as evidências científicas, e a ingenuidade de cidadãos não informados, representa, certamente, um dos maiores problemas contemporâneos. Em muitos casos, quando as notícias falsas se reportam a temas ou assuntos sensíveis, como a saúde, o meio ambiente e o impacto das novas tecnologias, os prejuízos são incalculáveis. Pudemos perceber durante a pandemia da Covid 19, com a atuação irresponsável dos arautos da cloroquina e dos que aderiram ao movimento antivacina, os prejuízos causados para a saúde dos brasileiros e que se estendem até hoje.

Felizmente, parcela significativa comunidade científica, entidades responsáveis da sociedade civil e, inclusive, veículos e jornalistas, dentre outros segmentos da sociedade, têm estado mobilizados para enfrentar o negacionismo e a desinformação, mas, evidentemente, este esforço precisa ser ampliado e mantido permanentemente.

 

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Você Sabia?
 
  É preciso dizer não ao "doisladismo" na cobertura jornalística das mudanças climáticas

Temos insistido, com frequência, na tese de que não é razoável, muito pelo contrário, permitir que teorias conspiratórias, informações reconhecidamente falsas, sejam divulgadas pelos veículos jornalísticos sob a justificativa de que é necessário dar espaço a todas as correntes que se manifestam sobre diversos temas.

Essa alegação tem a ver com os argumentos utilizados pelos que negam a ciência para fazerem prevalecer ideologias e credos que nada têm a ver com a realidade dos fatos. Incluem-se, nessa condição, os adeptos da terraplanismo, da cloroquina para o combate à Covid 19, os que acreditam na relação entre vacina e autismo, e mesmo aqueles que contrariam os pressupostos da teoria da evolução, para só citar alguns casos.

Estudo realizado pela Earth Journalism Network (EJN) junto a quase 750 jornalistas de mais de uma centena de países evidenciou que a prática de ouvir os dois lados de uma questão tem sido frequentemente utilizada pela imprensa como estratégia para “equilibrar” as reportagens sobre mudanças climáticas. O estudo mostrou que 62% dos entrevistados adotam essa postura e 43% dos jornalistas brasileiros, também consultados, confirmam que aderem a ela. Há países nos quais mais de 80% dos jornalistas também optam por incluir em suas reportagens fontes “céticas”, como se isso representasse uma postura democrática.

Os autores do estudo, intitulado “Covering the Planet”, pertencentes à Universidade Deakin, da Austrália, não concordam com esta atitude, muito pelo contrário: eles a consideram perturbadora, porque contribui para a circulação de informações falsas que podem não apenas confundir a opinião pública, como gerar resistência a políticas públicas necessárias para enfrentar problemas reais. Muitos jornalistas revelaram também que enfrentam ameaças na elaboração de matérias sobre meio ambiente, mas os mais comprometidos com a divulgação correta descartam a tentativa de considera-los, por isso, como ativistas ambientais, embora, na prática, deveríamos todos, estar comprometidos com a sobrevivência do planeta.

O estudo apontou algumas iniciativas já empreendidas para fortalecer o jornalismo climático, como a necessidade de financiamento para esta atividade, a capacitação dos jornalistas (treinamento, workshops, bolsas para participação em eventos da área), bem como o acesso a dados e fontes relevantes sobre mudanças climáticas.

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Fuja das lideranças tóxicas. Elas fazem muito mal para você e para a sua empresa

É difícil imaginar que exista alguém que não tenha, ao longo de sua trajetória profissional, se deparado com um(a) líder, melhor chamá-lo(a de) chefe, que, pelas suas posturas, posições e ações concretas, desunia a equipe e era responsável por um clima organizacional nada saudável.

A literatura na área de Recursos Humanos/Gestão de Pessoas tem um adjetivo para identificar essas pessoas: elas são conhecidas como líderes tóxicos, ou seja, aqueles que contaminam o ambiente de trabalho.

Recente reportagem publicada pela revista Exame, assinada por Layane Serrano, garante que eles, diferentemente do que algumas teorias apregoam, não estão em extinção, ou seja, continuam por aí, incomodando os trabalhadores (funcionários ou servidores) e provocando, também, demissões aos montes por “incompatibilidade de gênios”.

A revista cita uma pesquisa, realizada este ano pela Talenses Group junto a quase 600 lideranças em nosso país, que concluiu que a liderança tóxica não tem relação com gênero, raça ou geração, e que responde, obrigatoriamente, cada vez mais, por demissões em uma empresa, porque os subordinados tendem a não aceitar (e fazem bem) os recorrentes abusos de poder. A pesquisa também indicou que, embora as lideranças tóxicas estejam presentes em todas as áreas ou setor de uma organização, elas são mais facilmente encontradas em algumas delas, como Finanças, Marketing e Vendas e, em geral, isso tem a ver com a pressão por resultados, quase sempre o a curtíssimo prazo. As fontes da reportagem, que são gestores da empresa que realizou a pesquisa, indicam que os líderes tóxicos costumam confundir liderança com poder e se multiplicam em culturas organizacionais autoritárias.

A reportagem explicita os atributos de um líder autêntico: ele é empático, dialoga com os seus subordinados, realiza, de forma competente a mediação dos conflitos internos, e contribui para a construção de um clima interno saudável.

Concluindo: as lideranças tóxicas existem, não vão desaparecer, mas, pelo menos, são fáceis de identificar e sempre há possibilidade de dar um “tchauzinho” para elas, se a empresa que os contrata e os mantem não o colocarem para fora. E assim que funciona: se as empresas preferem ficar com as lideranças tóxicas, precisam saber que nós, pessoas normais, não estamos dispostos a aguentá-los. Lideranças tóxicas? Tô fora!

 

Leia a Reportagem:
 
Por que os cidadãos boicotam as marcas? Pesquisa enumera os principais motivos

Quantas vezes, por inúmeros e variados motivos, deixamos uma marca, ainda que prestigiada no mercado e na sociedade, a ver navios. Na prática, a nossa decisão costuma não ser isolada porque muita gente já fez ou fará isso, dependendo da situação.

Vamos às estatísticas presentes em pesquisa realizada pela YouGov Surveys, um grupo internacional de dados de pesquisa on-line e tecnologia analítica, com operações no Reino Unido, nas Américas, na Europa, no Médio Oriente, na Índia e na Ásia-Pacífico. 80,1% dos entrevistados afirmaram que ou boicotaram uma empresa ou a boicotarão, se for necessário, e apenas 12,7% manifestam sua total lealdade às marcas.

O principal motivo apontado por eles é a possibilidade de um produto representar um risco à saúde (56,2% do total), mas a pesquisa evidenciou também que, para muitos consumidores (mais da metade deles), há a possibilidade de voltar a aderir àquela marca no futuro. Isso pode acontecer se ela, de forma transparente, reconhece o problema e se dispõe a enfrenta-lo e, efetivamente, consegue superá-lo.

Segundo os entrevistados, apenas pedir desculpas não funciona (só um quarto deles acha que perdoaria o erro por causa disso) e há uma porcentagem de pessoas, que varia de país para país, mas que oscila ao redor de 10%, que não voltariam a prestigiar aquela marca por mais que ela se esforçasse, ou seja, para elas não há perdão.

Seria interessante reunir dados referentes à realidade brasileira porque sabemos que as reações dos consumidores dependem muito de cada cultura e que, portanto, nem sempre é correto generalizar as conclusões. Mas uma coisa é certa: gradativamente, pela influência das associações de consumidores, de órgãos da sociedade civil, da imprensa, pelo menos por aqui, há uma tendência em não perdoar facilmente algumas posturas empresariais: logo, muita atenção com os preconceitos (raça, credo ou gênero), com a agressão aos direitos humanos e ao meio ambiente. Muitos consumidores não costumam apagar da memória certos deslizes, abusos ou desvios e as marcas tendem a sofrer por isso.

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Comtexto Comunicação e Pesquisa em ação

Grupo de Pesquisa JORCOM, da USP: novos e-books na boca do forno

 

O Grupo de pesquisa JORCOM – O Jornalismo na Comunicação Organizacional, certificado pela ECA/USP e liderado pelo professor Wilson da Costa Bueno, diretor da Comtexto Comunicação e Pesquisa, estará, como tem feito deste a sua fundação, editando, no início do próximo semestre, um novo e-book com a participação de membros do grupo e de convidados. Além disso, publicará, também, um e-book sobre Jornalismo Ambiental, de autoria do professor Wilson Bueno, complementando as edições já lançadas na área do Jornalismo Especializado, respectivamente, Jornalismo em Saúde e Jornalismo Cientifico. Essa newsletter informará os seus leitores quando as novas publicações do Grupo de Pesquisa JORCOM estiverem disponíveis para download gratuito.

 

 

Assessoria de Imprensa na era da desinformação: Uma disciplina optativa para os graduandos da USP

 

O Departamento de Jornalismo e Editoração da Escola de Comunicações e Artes da USP estará, novamente, oferecendo aos graduandos desta universidade, no segundo semestre letivo, a disciplina optativa “Assessoria de Imprensa na era da desinformação”.

Ela é ministrada pelo diretor da Comtexto, Wilson da Costa Bueno, professor sênior da ECA/USP, e tem como objetivo apresentar e debater as boas práticas de relacionamento com veículos e jornalistas, em suas dimensões técnica e ética. A interação com a mídia constitui processo de interesse não apenas de jornalistas ou comunicadores, mas de profissionais e gestores que têm como objetivo ampliar e consolidar a imagem e a reputação de suas empresas ou organizações.

A Comtexto Comunicação e Pesquisa oferece também curso com este conteúdo, na modalidade virtual, para empresas e organizações interessadas na capacitação de seus profissionais e gestores. Maiores informações pelo e-mail: professor@comtexto.com.br

 
Clicando e aprendendo
 
  Puxa vida, a ciência não dá mesmo trégua. Agora, ela se coloca contra o nosso cafezinho de todo dia

De uma hora para outra, começaram a se multiplicar pesquisas que têm como foco analisar o impacto do consumo de café na nossa saúde. Até aí tudo bem, mas o que realmente nos incomoda é que os resultados não têm sido nada “saudáveis”.

Reportagem de Carlos Fioravanti, publicada pela Revista Pesquisa Fapesp de junho de 2024, enumera algumas recomendações a respeito do consumo de café: 1) não é bom tomar café logo depois das refeições porque ele tem a capacidade de reduzir a absorção de inúmeras vitaminas (ferro, cálcio, magnésio, fósforo ou zinco); 2) o café pode aumentar a ansiedade e prejudicar o sono. Além disso, pode agravar os efeitos da doença do refluxo gastroesofágico e aumentar o número de crises nas pessoas que sofrem de epilepsia; 3) usar o filtro de papel para preparar o café não é uma boa medida porque ele retem um componente – o lipídio chamado cafestol, que, comprovadamente, contribui para aumentar as taxas de colesterol; 4) é recomendável evitar o uso de açúcar no café ou reduzi-lo ao mínimo porque, para quem bebe muito, isso significa ingerir calorias a mais, o que, sabemos, não faz bem para a saúde.

Ainda bem que há resultados positivos para a ingestão do café e temos nos apegado a eles para justificar a nossa vontade de consumir este grão precioso: ele aumenta a massa muscular e diminui o risco de obesidade. Mas a ciência (como ela nos persegue!) demonstrou também que isso não vale sempre, para todas as pessoas. Como explica Fioravante, em sua reportagem, “pesquisadores da Uerj e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) acompanharam durante dois anos 163 pessoas que haviam passado por transplante de rim e verificaram que, nesse grupo, o consumo de café se mostrou associado a ganho de gordura corporal e à perda de força muscular, como detalhado em um estudo publicado em outubro de 2023 na Clinical Nutrition.”

Vamos com calma, dona ciência. As pesquisas de seus adeptos nos deixaram ansiosos, preocupados, e isso também não faz bem para a saúde. Acho que precisamos tomar mais um cafezinho? Você, leitor ou leitora, vai nessa?

 

Mais Detalhes:
 
Conheça a revista Balbúrdia, da USP.

Se você se lembra bem, houve um governo, há não muito tempo, que andou proclamando desaforos contra os universitários brasileiros, com a alegação de que eles são mestres em provocar balbúrdia e nada mais. Felizmente, este tempo e esses comentários sombrios e sem sentido ficaram para trás.

Inspirados nessa provocação governamental, foi criada há 5 anos a revista Balbúrdia que, assim como os estudantes e as universidades brasileiras, merecem a nossa atenção. Trata-se de uma revista eletrônica de divulgação científica, produzida pelos alunos do Programa de Pós-Graduação Interunidades em Ensino de Ciências (Piec), com periodicidade semestral. Conforme indicado no site da revista, o seu objetivo é “divulgar a produção científica na área do Ensino das Ciências Naturais (Biologia, Física, Química) para qualquer nível de ensino que tenha sido previamente arbitrada (publicações em periódicos, dissertações e teses). A Balbúrdia, portanto, divulgará as ações do PIEC-USP e de outros programas de pós-graduação que vêm sendo realizadas no ambiente acadêmico em prol da melhoria da Educação nacional.”

A edição recente da revista aborda a história e a cultura afro-brasileira nos currículos e pode ser consultada no seu site, assim como todas as edições anteriores.

Curta a nossa “balbúrdia”, uma publicação séria dos estudantes de uma universidade séria que, comprometidos com o ensino, a pesquisa, a inovação e a extensão, mostram a língua e os dentes para aqueles que ousam agredir instituições que efetivamente contribuem para a produção e a circulação do conhecimento científico. Dessa balbúrdia a gente gosta...e muito!

 

Site da Revista:
 
STF, até que enfim, dá um basta nos processos nefastos de assédio judicial contra jornalistas

Demorou, mas finalmente o STF se pronunciou, de forma contundente contra o chamado “assédio judicial”, um processo abusivo que consiste em “iniciar várias ações judiciais contra um mesmo jornalista ou empresa de comunicação, em diferentes cidades e Estados, baseadas no mesmo fato, com propósito silenciador ou intimidador.”

Essa prática estava se tornando comum e servia para incentivar a autocensura, contribuindo para impedir que os profissionais de imprensa cobrissem temas polêmicos com medo de serem responsabilizados e punidos, injustamente, por pessoas ou instituições. Há muitos casos conhecidos e de grande repercussão, nos quais isso aconteceu, como o ocorrido com a jornalista Elvira Lobato, da Folha de S. Paulo, em 2017, pela da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd). A Igreja instruiu seus pastores para que movessem processos contra a jornalista a partir de centenas de cidades em todo o Brasil, tornando impossível a sua defesa, até porque, em muitos casos, a audiência ocorria no mesmo dia e ela não tinha como estar presente em todas elas ao mesmo tempo.

O STF decidiu que todos os tribunais brasileiros, a partir da data do julgamento (maio de 2026), devem considerar que “a responsabilidade civil de jornalistas ou órgãos de imprensa somente estará configurada em caso inequívoco de dolo ou culpa grave (evidente negligência profissional na apuração dos fatos)”. Levantamento realizado pela Abraji, Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, no período de 2009 a março de 2024, indica que ocorreram mais de 650 casos de diferentes tipos de assédio judicial, dos quais 25 deles de litígio coordenado, como o que atingiu Elvira Lobato.

Ainda há situações que não foram resolvidas pelo STF e que continuam no radar dos jornalistas e de suas associações por representarem ações de violência contra a liberdade de imprensa, mas já foi dado o primeiro (e grande) passo. Os adversários da democracia precisam ser enfrentados com coragem e a Justiça precisa, de uma vez por todas, reprimir esta investida autoritária. Em tempo: Elvira Lobato não foi condenada em nenhum dos processos movidos contra ela e, em alguns casos, ainda recebeu indenização pela violência a que foi submetida. A justiça foi feita. Salve o jornalismo e a democracia.

 

 
 
Expediente
 

Pensando a Comunicação fora da caixa é uma newsletter da Comtexto Comunicação e Pesquisa, empresa de consultoria nas áreas de Comunicação Organizacional/Empresarial e Jornalismo Especializado.
Editor: Wilson da Costa Bueno 
E-mail para contato: wilson@comtexto.com.br

As informações podem ser reproduzidas livremente, mas solicita-se que, caso isso ocorra, a fonte seja citada.
 
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